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terça-feira, 20 de julho de 2010

O estado do mundo!!



Caríssimos leitores da Bela Grafô, chegou em nossas mãos um livro chamado “Estado do Mundo”, é um relatório realizado anualmente, há 28 anos, pela Worldwatch Institute, e que neste ano juntamente com o Instituto Akatu, publicaram uma versão em português.

O livro é riquíssimo, repleto de dados importantes e ao mesmo tempo assustadores, e pensamos que os mesmos não podem e não devem ficar somente conosco. Esse conhecimento tem de ser repassado, discutido, apreendido! Tentamos de diversas maneiras contribuir para um mundo melhor, mais sustentável, mais feliz, para tudo e todos. E decidimos ir publicando o resumo e tópicos desta obra no blog, para que mais e mais pessoas possam ter esse conhecimento e também serem agentes de transformação!!

Como o livro é extenso, vamos publicar em partes, então voilà!!



Estado do Mundo 2010 : Transformando Culturas - do Consumismo à Sustentabilidade. (Parte 1)

O livro, desde o início, nos chama atenção para o quanto as culturas de consumo precisarão mudar para que a espécie humana prospere verdadeiramente. Essa transformação, urgente, tem como pilar uma maior conscientização do consumidor quanto às consequências de seus atos de consumo. Nesse passo, é também fundamental levá-lo a perceber que, em adição a buscar maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos de seus próprios atos individuais, cabe a ele mobilizar outros consumidores na direção de um consumo consciente; apoiar o esforço das melhores empresas em responsabilidade sócio ambiental, pressionando-as diretamente e comprando os seus produtos, assim como valorizando as novas tecnologias por elas desenvolvidas; e pressionar os governos na direção de uma atuação administrativa própria mais sustentável, do provimento de serviços que facilitem a ação do consumidor consciente (por exemplo, a coleta seletiva de resíduos) e da regulação e legislação referentes aos atributos dos produtos e à operação das empresas. Dessa maneira, o consumidor consciente terá um papel expandido para muito além de seus gestos individuais.

É preciso lembrar o cidadão brasileiro, do seu papel de agente transformador, enquanto consumidor, na construção da sustentabilidade da vida no planeta, pois qualquer consumidor pode contribuir para o mesmo, seja na compra, uso ou descarte de produtos ou serviços.

O livro também faz um chamado a uma das maiores mudanças culturais imagináveis: de culturas de consumismo para culturas de sustentabilidade. Ele vai bem além de receitas padronizadas para energia limpa e políticas esclarecidas. Ele defende que repensemos os fundamentos do consumismo moderno – as práticas e valores considerados “naturais” que, paradoxalmente, arrasam a natureza e colocam a prosperidade humana em risco.

Tal mudança é possível se revirmos as premissas centrais da vida moderna, desde o modo como os negócios são administrados até o modo como as cidades são organizadas. Pois à medida que o consumismo foi se enraizando em uma cultura depois da outra nos últimos cinquenta anos, tornou-se um vigoroso propulsor do aumento inexorável da demanda por recursos e da produção de lixo que marca nossa era.

Transformar culturas não é, obviamente, uma tarefa pequena. Isso exigirá décadas de esforço em que os pioneiros culturais – aqueles que conseguem se descolar de suas realidades culturais o suficiente para examiná-las criticamente – trabalharão sem trégua para o redirecionamento das principais instituições que dão corpo à cultura: educação, empresas, governo e mídia, bem como dos movimentos sociais e tradições humanas arraigadas, ou seja, uma mudança que possa ocorrer sistemicamente.

Para termos noção das conseqüências de nosso hábitos e comportamentos, as projeção realizadas dos níveis de mudança de temperatura, nos diz que haveria grande chance de que os níveis dos oceanos aumentassem em dois ou mais metros devido ao derretimento parcial de placas de gelo na Groenlândia ou na Antártica Ocidental, o que por sua vez causaria grandes inundações em áreas costeiras e possivelmente submergiria nações insulares inteiras. A parcela do mundo – um sexto – que depende de glaciais ou rios alimentados pelo derretimento de neve para obter água enfrentaria sua extrema escassez.

Vastas áreas na floresta amazônica se tornariam savana, recifes de corais morreriam e muitos dos pesqueiros mais valiosos do mundo se extinguiriam. Tudo isso se traduziria em transtornos políticos e sociais críticos –havendo previsão de que refugiados do meio ambiente cheguem a 1 bilhão até 2050.

E a mudança climática é apenas um dos muitos sintomas de níveis excessivos de consumo. A poluição do ar, a destruição média de 7 milhões de hectares de floresta por ano, a erosão do solo, a produção anual de mais de 100 milhões de toneladas de dejetos perigosos, práticas trabalhistas abusivas movidas pelo desejo de produzir bens de consumo em maior quantidade e a preço mais baixo, obesidade, estresse crescente – a lista poderia continuar indefinidamente. Todos esses problemas são quase sempre tratados em separado, ainda que muitas de suas raízes remontem aos atuais padrões de consumo.

Temos que encarar que o modo americano de viver, ou mesmo o europeu, que nós brasileiros tanto tentamos imitar, simplesmente não é viável.

Um dos paradigmas culturais dominantes em nossa sociedade é o consumismo, e de acordo com os antropólogos Robert Welsch e Luis Vivanco, foram os processos sociais, que fizeram com que este paradigma, que é algo artificial (ou construído pelos homens), nos parecesse tão natural. Mas este estilo de vida, pode ainda ter muitos efeitos colaterais que não melhoram o bem-estar, como o aumento do estresse no trabalho, dívidas, mais doenças e maior risco de morte. A cada ano, cerca de metade de todos os óbitos no mundo são causados por cânceres, doenças cardiovasculares e pulmonares, diabetes e acidentes com automóvel. Muitos desses óbitos são causados, ou em grande parte influenciados, por escolhas pessoais de consumo, como cigarro, vida sedentária, ingestão de pouca fruta e verdura e sobrepeso. Atualmente, 1,6 bilhão de pessoas no mundo estão acima do peso ou são obesas, o que diminui a qualidade de vida e a encurta, sendo que, no caso dos obesos, entre 3 e 10 anos em média. Neste planeta finito, definir sucesso e felicidade através de quanto uma pessoa consome não é sustentável.

Um padre católico e filósofo da ecologia Thomas Berry, deixou claro que, se o homem pretende prosperar como espécie durante um bom tempo no futuro, é necessário uma mudança enorme nas instituições sociais, e justamente em suas culturas. As instituições precisarão estar, acima de tudo, voltadas à sustentabilidade. As premissas que precisam ser alteradas incluem, a de que mais coisas fazem as pessoas mais felizes, o crescimento perpétuo é bom, os homens estão separados da natureza e a natureza é uma reserva de recursos a serem explorados para os objetivos dos homens. Charles Moore, que seguiu o trajeto de resíduos plásticos no oceano, nos fala que “apenas nós, seres humanos, produzimos resíduos que a natureza não consegue digerir”, uma prática que terá que cessar.

Empresas de cunho social estão desafiando a premissa de que o lucro é a principal ou mesmo a única finalidade dos negócios. Mais empresas – do Banco Grameen em Bangladesh à rede de restaurantes na Tailândia chamada Repolhos e Preservativos – estão colocando sua missão social no centro, ajudando as pessoas ao mesmo tempo em que têm sucesso financeiro. Novos contratos societários – como a Empresa B (onde B significa Benefício) – estão sendo concebidos para assegurar que, ao tomar decisões de negócios, as empresas fiquem legalmente obrigadas, a longo prazo, a considerar o bem-estar da Terra, dos trabalhadores, de clientes e de outras partes envolvidas. Um grande número de movimentos sociais está começando a se formar para, direta ou indiretamente,tratar de questões de sustentabilidade. Centenas de milhares de organizações estão trabalhando, não raro por conta própria e sem se conhecerem, muitos aspectos essenciais referentes à criação de culturas sustentáveis – como justiça social e ambiental, responsabilidade corporativa, recuperação de ecossistemas e reforma governamental. “Esse movimento anônimo é o mais diversificado que o mundo já testemunhou”, explica o ambientalista Paul Hawken.


Para quem se interessou no tema e deseja ler na íntegra o livro é só baixar no site do Akatu

recentemente saiu uma reportagem sobre o tema, que tbém vale a pena dar uma olhada!!

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